Elisabete Jacinto
Elisabete dos Santos Marques Jacinto (Montijo, 8 de Junho de 1964) é uma piloto portuguesa de todo-terreno, com várias participações do ”Dakar”, entre 1998 e 2001 na categoria de motos, e, desde 2003 na categoria de camiões. É professora de Geografia, autora de manuais escolares e co-autora da BD Os Portugas no Dakar.
Biografia
Elisabete Jacinto fez a sua estreia como piloto de todo-terreno em moto, em 1992, ao participar no Grândola 300 com uma Suzuki DR 350, que não terminou devido a uma queda. Ao longo desse ano participou em várias provas e foi a 9ª classificada da Classe 5 (Motos a 4 tempos até 350cc) no primeiro Troféu de Todo-o-Terreno. Em 1993 vence pela primeira vez a Taça de Senhoras do Campeonato Nacional de Todo-o-Terreno e é 11ª classificada da Classe 5. Em 1994 participa no Campeonato Nacional de Todo-o-Terreno, com uma Honda XR 250, ficando em 12º da classe 5. Nesse ano participa pela primeira vez numa prova do Campeonato de Todo-o-Terreno espanhol, a Baja de Alta Alcarria, obtendo o 5º lugar na Classificação Geral, e na Baja de Aragon, prova da Taça do Mundo com 650 km de extensão. Em 1995 participa no Campeonato Nacional de Todo-o-Terreno em Kawasaki KDX 200, vence a categoria de Senhoras e classifica-se em 18º da classe 4 (motos a 2 tempos com mais de 125cc). Nos anos seguintes continua a participar no Campeonato Nacional de Todo-o-Tereno e em provas espanholas, com Suzuki RMX250, e, em 1997 inicia-se em África ao participar no Rali da Tunísia com a Suzuki DR 350, onde obteve o 2º lugar da Classe Maratona até 400cc.
Entusiasmada com o seu resultado no Rali da Tunísia, Elisabete lança-se nas provas do deserto, participando pela primeira vez, em 1998, no rali “Paris-Dakar”, numa Suzuki DR 650, mas abandona a prova na 7ª etapa, devido a problemas mecânicos resultantes de uma preparação inexperiente. Em 1999 volta a participar no “Dakar”, agora em KTM Rallye, mas também não consegue terminar o rali Granada Dakar, por ter partido o motor na travessia de um erg de areia fina na Mauritânia. Nesse ano ficou em 13º lugar na Taça do Mundo e foi a 1ª entre as senhoras.
Em 2000 obtém a grande vitória da sua carreira ao concluír o rali Dakar-Cairo, fazendo equipa com o piloto Mário Brás, em KTM Rallye, ficando em 49º lugar da geral e vence a Taça de Senhoras. Ainda nesse ano faz a sua primeira experiência numa prova ao volante de um automóvel de Todo-o-Terreno, na Baja TT Optiroc, tendo como co-piloto a apresentadora de televisão Cecília Carmo. Em 2001 participa no rali Paris-Dakar, em equipa com Pedro Machado, naquela que foi a prova mais dura da sua vida, após o seu carro de assistência, conduzido por José Ribeiro, ter explodido sobre uma mina na fronteira de Marrocos com a Mauritânia, Elisabete realiza ela própria todas as tarefas de assistência e terminou o rali em 56ª lugar da classificação geral. Ficou, nesse ano, em 13º lugar na Taça do Mundo e foi 1ª entre as senhoras. Ao longo desse ano, Elisabete participa na Copa Jimny, fazendo a sua iniciação à condução 4x4, com Teresa Correia como co-piloto, participa também de Jimny na Baja Esporão Vindimas, com a apresentadora de televisão Laura Santos como navegadora.
Em 2002 Elisabete não participa no "Dakar", põe fim às suas corridas em moto, continua a participar na Copa Jimny e decide iniciar-se na condução de Todo-o-Terreno em camiões. Em 2003 participa pela primeira vez no rali Telefónica Dakar ao volante de um camião, tendo como navegador o belga Charly Gotlib e como mecânico o espanhol David Martin. Nesse mesmo ano participa no Rallye Aicha des Gazelles, um rali de navegação criado só para mulheres, no qual Elisabete Jacinto e Sofia Carvalhosa vencem a categoria SUV com um Renault Kangoo. Em 2004 participa pela segunda vez de camião no Rali Paris-Dakar, num Renault Kerax 4x4, chegando em 26º lugar, torna-se numa das primeiras mulheres do mundo a concluír este rali em camião. Participa em outras provas da Taça do Mundo e, no Rallye Optic Tunisie, torna-se na primeira mulher do Mundo a ganhar uma especial ao volante de um camião. Em 2005 volta a participar de camião no “Dakar”, com Olivier Jacmart e Rui Porêlo, classificando-se em 24º da geral. Participa pela primeira vez no Rali ASMV Shamrock e vence a categoria camião.
Em 2006 a partida do “Dakar” efectua-se em Lisboa, Elisabete faz a prova a um bom ritmo de andamento mas desiste devido a uma rotura do eixo da frente do seu Renault Kerax, que a obriga a passar dois dias e duas noites junto do veículo, que é deixado em pleno deserto da Mauritânia e só é recuperado em Junho. Elisabete termina o seu contrato com a Renault Trucks, associa-se à MAN Portugal e passa o ano na sua preparação para o Lisboa-Dakar 2007. No Lisboa-Dakar de 2007, Elisabete Jacinto, no seu novo camião MAN M2000, ascende ao 21º lugar da classificação geral e ao 7º da classificação dos camiões com menos de 10 litros. Nesse ano, em que a sua antiga cor laranja da Trifene 200 é substituída pela azul da Oleoban, consegue um 2.º lugar da geral no rali da Tunísia e um 1.º no rali de Marrocos.
No dia 19 de Fevereiro de 2010 visitou o Colégio Miramar (Lagoa - Santo Isidoro), tendo-se tornado a madrinha da Academia Europeia numa cerimónia informal onde a piloto partilhou os seus saberes de experiência feitos. Num registo franco, afável e pejado de boa disposição, Elisabete presenteou os alunos com uma sessão de conversa plena de conhecimentos de Geografia, Biologia, Geologia, Botânica, Sociologia, não descurando a Formação Cívica, enfatizando a ideia de quão privilegiados somos por vivermos num país onde nos é dada a possibilidade de estudar e aprender. A sua valiosa passagem pelo Colégio Miramar terminou com a referência à necessidade de nos orgulharmos em sermos quem somos – grandes portugueses, grandiosidade para a qual a piloto (con)corre e contribui, indubitavelmente.
O seu “Dakar” em BD
As aventuras experimentadas por Elisabete Jacinto nas suas primeiras participações no “Dakar”, e as histórias contadas pelos outros pilotos portugueses, levaram-na a conceber o projecto de uma banda desenhada e escrever o seu guião. Os 2 volumes de Os Portugas no Dakar, uma BD com texto de Elisabete Jacinto e desenhos de Luis Pinto-Coelho, contam de uma forma divertida as histórias verdadeiras dos pilotos portugueses que participaram neste rali em moto.
Em 2008 recebeu o prémio de Melhor Cartoon Nacional nos VI Troféus Central Comics, na Casa da Animação, no Porto.
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